Introdução
A vitamina D é um secoesteroide, com mecanismo de ação semelhante aos esteroides, por atuar mediante ligação com seu receptor (VDR) no núcleo das células. Sintetizada a partir da exposição da pele ao sol ( D3) ou a partir da ingesta (D2), suas pré-formas são transportadas ao fígado e aos rins nos quais sofrem hidroxilação até a forma ativa da vitamina D ( calcitriol), a qual se liga aos seus receptores nos órgãos alvos para desempenhar sua função.
Objetivo
Revisar e entender os possíveis efeitos da hipovitamonise D no sistema reprodutor feminino.Métodos: pesquisa de estudos por intermédio do PubMed, Scielo, Infertility and Sterility e Bireme.
Resultados
A classificação dos níveis de vitamina D sugeridos pelo guideline da Endocrine Society of North America define deficiência de vitamina D como níveis menores que 20 ng⁄ml; e insuficiência como níveis entre 20 a 30 ng⁄ml. Mohamed e colaboradores citam que a vitamina D tem larga ação incluindo ação na diferenciação celular, apoptose, ação anti-proliferativa, imunossupressora e anti-inflamatória. Vinicius Lopes descreve que receptores da vitamina D estão presentes nos epitélios vaginais e cervicais, nas células endometriais, células epiteliais das trompas, nos ovários e também na hipófise e que a enzima 1 alfa hidroxilase, envolvida na biossíntese da vitamina D, se expressa no tecido cervical e uterino. Existe a suspeita de que a vit D regule a expressão do gene CYP 19, o qual resulta na formação da aromatase (enzima essencial para a esteroidogênese). Autores descrevem ação sinérgica a insulina estimulando a produção de estrógenos e inibindo a produção de IGFBP-1 (proteína ligadora de IGF-1). Muitas são as influências da vitamina D no processo reprodutivo feminino, demonstrando assim que a sua deficiência interfere na fertilidade a exemplo de algumas afecções com endometriose, através da modulação das propriedades imuno-reguladoras e anti-inflamatórias; no SOP, devido interferência no metabolismo e secreção da insulina, polimorfismo nos receptores da vitamina D e regulação da ação da aromatase; nos abortamentos recorrentes, influenciando na implantação embrionária, expressão do gene HOXA 10, redução da ação das células NK; e quanto a influencia na FIV vários estudos citados por Vincius na sua revisão evidenciam melhor prognóstico em pacientes com maiores concentrações de vitamina D.
Conclusão
Após avaliar os trabalhos escolhidos podemos nos certificar que a vitamina D está elencada em muitos processos endócrinos e metabólicos no nosso organismo e que sua deficiência é sugerida como causa de muitas alterações que podem influenciar negativamente na fertilidade feminina, mas há necessidade de estudos futuros específicos para comprovar causa e efeito da deficiência de vitamina D na infertilidade feminina. Entretanto existe consenso que nos casos de deficiência seja prescrito suplementação medicamentosa.
Referências bibliográficas
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