12

June

2019

Teste de fragmentação de DNA espermático

Utilidade clínica do teste de fragmentação do DNA espermático no cenário da infertilidade conjugal.

Introdução

Atualmente, cerca de 15% dos casais em idade reprodutiva são afetados pela infertilidade, com o fator masculino respondendo por até 50% das causas. Durante muitos anos, a análise convencional de sêmen (espermograma) permaneceu como o único teste diagnóstico de rotina para a infertilidade masculina. Entretanto, até 40% dos homens inférteis apresentam parâmetros seminais dentro dos valores de referência da normalidade. (1)Com isso, criou-se a necessidade de utilizar métodos diagnósticos complementares como o teste de fragmentação de DNA espermático na tentativa de melhorar os resultados do tratamento de casais inférteis. A fertilização e desenvolvimento do embrião dependem, em parte, da integridade compacta do DNA do espermatozoide. Os danos ao DNA espermático podem ser reparados no citoplasma do oócito. Entretanto, quando as injúrias excedem o limiar de reparo do citoplasma podem resultar em diminuição da taxa de gravidez, abortamento de repetição e embriões com anormalidades cromossômicas. (2) (3)

Objetivo

Utilidade clínica do teste de fragmentação do DNA espermático no cenário da infertilidade conjugal.

Método

Realizada pesquisa de estudos na base Medline, por intermédio do Pubmed, no período de 2010 a 2017.

Resultados

Os danos ao DNA espermático causam a fragmentação, e possuem causas multifatoriais – fatores intrínsecos e extrínsecos. Como fatores intrínsecos, podemos citar: apoptose abortiva e defeito de maturação. Há evidências sugerindo que os fatores extrínsecos são mais significativos na maioria dos pacientes: varicocele, estresse oxidativo, tempo prolongado de transporte do esperma pelo epidídimo, uso de drogas, tabagismo, radiação, poluição, doenças sistêmicas, entre outros. (1)Pouco se sabe sobre as reais indicações do teste de fragmentação de DNA, porém as recomendações baseadas em Medicina baseada em evidências são: varicocele (grau 1 com parâmetros seminais limítrofes/anormais, graus 2/3 com parâmetros seminais normais), falha recorrente de FIV e/ou ICSI, infertilidade inexplicada, tabagismo, uso de drogas, obesidade, exposição a poluentes, fatores ocupacionais. (1)(2)Atualmente, existem 8 métodos para avaliar a fragmentação de DNA e são divididos em dois tipos: diretos e indiretos. Os testes diretos medem a extensão do dano ao DNA usando corantes. Os indiretos avaliam a suscetibilidade do DNA à desnaturação. (2)Testes com valores de fragmentação moderada correspondem de 20% a 35%, e alta fragmentação acima de 35%, requerem atitudes terapêuticas visando a melhora da qualidade do esperma.

Dentre as principais condutas podemos destacar:

• Uso de terapia antioxidante oral (tentativa de reduzir o estresse oxidativo)

• Correção cirúrgica de varicocele (a estase sanguínea causa hipóxia e estresse oxidativo)

• Menos tempo de abstinência sexual (o que diminui tempo de permanência do espermatozoide no epidídimo)

• Uso de espermatozoides testiculares em ICSI

• Modificação de estilo de vida (cessar tabagismo, evitar exposições a poluentes ambientais e ocupacionais, atividade física)

Conclusão

A integridade da cromatina espermática reflete nos resultados reprodutivos na concepção natural e reprodução assistida.O teste de fragmentação de DNA é uma ferramenta útil na avaliação da fertilidade masculina.Evidências sugerem que o tratamento eficaz em casos de alta fragmentação melhora o resultado reprodutivo.Mais estudos devem ser realizados para viabilizar o diagnóstico e tratamento.

Referências bibliográficas

1) Chak-Lam Cho, Ashok Agarwal, Role of sperm DNA fragmentation in male factor infertility: A systematic review, 2017

2) Ashok Agarwal1, Ahmad Majzoub2, Sandro C. Esteves3, Edmund Ko4, Ranjith Ramasamy5,Armand Zini. Clinical utility of sperm DNA fragmentation testing: practice recommendationsbased on clinical scenarios, 2016

3) Denny Sakkas, Juan G. Alvarez, Sperm DNA fragmentation: mechanisms of origin, impact on reproductive outcome and analysis, 2010

Publicado por
Luciana K Nacano

Publicado por
Thaissa Mazina Smaniotto Marin

Publicado por
Marise Samama

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