Introdução
Embora técnicas de reprodução assistida tenham ajudado casais inférteis a vencerem inúmeras barreiras para atingirem seu sonho, novos desafios surgiram, como a falha de implantação e aborto de repetição. Estima-se que 75% dos abortos de repetição possam ocorrer por falhas de implantação (1), e nunca serão reconhecidos clinicamente como gravidez. Uma etiologia importante destes eventos é a endometrite crônica (EC), que por não apresentar sinal clínico típico e específico e não apresentar achados ao ultrassom, pode passar desapercebido na clínica diária. O diagnostico desta entidade pode ser desafiador e seu diagnóstico requer o emprego da histopatologia, que demonstra edema na superfície endometrial, densidade celular estromal elevada, dissociação da maturação entre epitélio e estroma endometrial e infiltração do estroma endometrial por plamócitos (2). A endometrite crônica pode ainda ser diagnosticado por cultura endometrial, histeroscopia e mais recentemente a imunohistoquímica, com resultados encorajadores.
Objetivo
Pesquisar o método mais adequado para o diagnóstico da endometrite crônica.
Método
Pesquisa de revisão bibliográfica na base Medline, por intermédio do PubMed, com levantamento dos trabalhos publicados nos últimos 5 anos.
Resultado
Técnica clássica de diagnóstico da endometrite crônica, presente em 30.3% das pacientes com falha de implantação e ou aborto de repetição (3) é a histologia ( HE), que baseia-se na identificação da presença de 5 ou mais células plasmáticas no estroma endometrial, encontrado em 21.3% das pacientes com EC. Porém, devido a presença de leucócitos que são normalmente encontrados durante o período pré-menstrual, mesmo o patologista mais experiente pode subdiagnosticar esta entidade(3). Em comparação, a histeroscopia apresentou achados compatíveis com EC em 24% das pacientes com falha de implantação, com sensibilidade de 40% e especificidade de 80%, tendo como achados mais comuns a hiperemia difusa, presença de micropólipos e edema do estroma (4).Análises comparativas utilizando imunohistoquímica com análise de CD 138, tem provado ser uma ferramenta mais precisa no diagnóstico da EC, visto ser um marcador específico para célula plasmática (5), com sensibilidade e especificidade de 100% para EC (3).
Conclusão
A EC está presente em 30.3% das pacientes com falha de implantação ou aborto de repetição e o diagnóstico preciso tem se mostrado de grande valor no aumento da taxa de gravidez após o correto diagnóstico e tratamento (3). A utilização da associação de métodos como histeroscopia ambulatorial associado a biópsia e imunohistoquímica com pesquisa de CD138, tem se mostrado o método mais eficaz e com sensibilidade e especificidade de 100%.
1. Recurrent Implantation Failure-update overview on etiology, diagnosis, treatment and future dicerctions: Reproductive Biology and Endocrinology: 2018; 16:121, 1-18
2. Endometritis: new time, new concepts: Fetility and Sterility: 2018; vol. 100 No. 3.
3. Prevalence of chronic endometritis in repeated unexplained implantation failure and the IVF success rate after antibiotic therapy. Human Reproduction, Vol.30,No. 2pp.323-330,2015.
4. Chronic endometritis in women with recurrent pregnancy loss and recurrent implantation failure: prevalence and role of office hysteroscopy and immunohistochemistry in diagnosis. Fertility and Sterility:2016;vol 105, No. 1
5. Analysis of the diagnostic value of CD138 for chronic endometritis, the risk factors for the pathogenesis of chronic endometritis and the effect of chronic endometritis in pregnancy: a cohort study. BMC Women’s Heatlh ( 2016) 16:20