15

July

2021

Tratamentos não cirúrgicos de miomas para mulheres que desejam engravidar

‍Analisar tratamentos alternativos e não cirúrgicos em mulheres inférteis com miomas.

Os miomas, tumores uterinos benignos, surgem predominantemente em mulheres durante o período fértil, tornando-se mais frequentes após os 35 anos. Os tratamentos convencionais para miomas incluem a retirada do útero ou somente do mioma. Contudo, devido ao desejo de muitas mulheres de preservar o útero ou engravidar, surgem pesquisas sobre tratamentos não cirúrgicos. Apesar dos avanços, persistem dúvidas sobre a eficácia desses tratamentos, especialmente em relação à chance de gravidez sem intervenção cirúrgica.

Introdução

Os miomas são tumores benignos uterinos prevalentes, atingindo de 50 a 60% das mulheres em idade reprodutiva, podendo chegar a 70% por volta dos 50 anos. A pesquisa recente concentra-se em tratamentos não cirúrgicos para reduzir miomectomias e histerectomias, preservando o útero, sobretudo em mulheres em idade fértil. Dentre os métodos minimamente invasivos estudados, destacam-se o acetato de ulipristal, ultrassom focado de alta intensidade, ablação por radiofrequência e embolização das artérias uterinas. Embora a associação entre infertilidade e miomas seja desafiadora, esses tumores estão presentes em até 27% das pacientes que buscam assistência reprodutiva, sendo responsáveis por 1-3% dos casos de infertilidade.

Objetivo

Analisar tratamentos alternativos e não cirúrgicos em mulheres inférteis com miomas.

Métodos

Pesquisa de estudos na base Medline via Pubmed.

Resultados

Estudos indicam que, apesar do surgimento de terapias alternativas, a miomectomia permanece como padrão-ouro para mulheres com desejo reprodutivo, dada sua estabelecida vantagem nos resultados de gravidez. Relacionou-se diretamente a redução volumétrica do mioma, melhora dos sintomas e qualidade de vida comparada à miomectomia. A embolização das artérias uterinas é contraindicada em mulheres com desejo reprodutivo, associando-se à diminuição da reserva ovariana, menor taxa de gestação, aumento de abortos espontâneos, placentação anormal, parto pré-termo e hemorragia pós-parto. O acetato de ulipristal, modulador seletivo do receptor de progesterona, demonstrou redução volumétrica significativa do mioma, amenorreia em 80% das mulheres e melhorias nos resultados de miomectomia. Entretanto, os estudos são limitados quanto à melhora da fertilidade, com sua comercialização atualmente suspensa para avaliações adicionais de segurança hepática. As terapias ablativas, como a ablação por ultrassom focado de alta intensidade e a ablação térmica guiada por radiofrequência, demandam mais estudos em relação à fertilidade. Uma revisão sistemática de 2020 indicou que a ablação de miomas teve resultados de gravidez comparáveis à miomectomia, com taxas de nascidos vivos semelhantes (70,5% versus 75,6%) e baixas taxas de aborto (11,9% versus 19,0%).

Conclusão

Apesar de resultados promissores, há escassez de estudos relacionando terapias não cirúrgicas e melhora da fertilidade em mulheres com miomas. A ablação por radiofrequência é a opção mais disponível no Brasil, sendo crucial individualizar o tratamento e informar a paciente sobre as limitações dos estudos existentes.

Referências Bibliográficas

  1. Donnez J, Dolmans M. Uterine fibroid management: from the present to the future. Human Reproduction. 2016; 22(6): 665-686.
  2. Ghonim M, Magdy R, Sabbour M et al. A systematic review and meta-analysis of ulipristal acetate for symptomatic uterine fibroids. Int J Gynecol Obst. 2019; 146: 141-148.
  3. Khaw SC, Anderson RA, Lui M. Systematic review of pregnancy outcomes after fertility-preserving treatment of uterine fibroids. Reproductive biomedicine online. 2020; 40 (3): 429-444.
  4. Luyckx M, Squifflet JL, Jadoul P et al. First series of 18 pregnancies after ulipristal acetate treatment for uterine fibroids. Fertil Steril. 2014;102(5):1404-9.
  5. Morgante A, Centini G, Troia L et al. Ulipristal acetate before in vitro fertilization: efficacy in infertile women with submucous fibroids. Reproductive biology and endocrinology. 2020; 18(50): 1-8.
  6. Taheri M, Galo L, Potts C et al. Nonresective treatments for uterine fibroids: a systematic review of uterine and fibroid volume reductions. 2019;36(1):295-301.
  7. Whynott RM, Vaught KC, Segars JH. The effect of uterine fibroids on infertility: a systematic review. 2017; 35: 523-532.
  8. Wu G, Li R, He M et al. A comparison of the pregnancy outcomes between ultrasound-guided high-intensity focused ultrasound ablation and laparoscopic myomectomy for uterine fibroids: a comparative study. Int J Hyperthermia. 2020;37(1):617-623.
Publicado por
Gustavo Luiz Simões Leite

Publicado por
Jéssica Silva

Outros artigos que podem ser do seu interesse

Tratamento de istmocele e reprodução humana

A cesariana é a cirurgia mais comum realizada por mulheres, e sua incidência continua crescendo continuamente em todo o mundo.
Jorge Moura
09
Feb
2024

Síndrome dos ovários policísticos na adolescente

‍Esta revisão ressalta o uso de critérios diagnósticos padrão para a SOP desenvolvido para adolescentes, assim como o reconhecimento e manejo precoce, para prevenir as complicações reprodutivas, metabólicas e psicoemocionais associadas a essa síndrome.
Jorge Moura
09
Feb
2024

Uso de medicação para inseminação intra-uterina

Analisar o uso de medicamentos para indução ovulatória na IIU.
Jorge Moura
09
Feb
2024