09

January

2019

Pesquisa Infecciosa em Reprodução Assistida

‍Checar a prevalência das infecções nas mulheres inférteis, os patógenos mais comuns e mais agressivos, profilaxia e tratamento. Relacionando com a área de reprodução assistida, explicando as causas da infertilidade e as intercorrências dessas infecções nos tratamentos quando não tratadas adequadamente.

Introdução

Em reprodução humana, a importância das infecções genitais surge pela sua influência evitável no desenvolvimento de infertilidade. Infecções genitais podem alterar a cérvice e o muco cervical dificultando a passagem dos espermatozoides, e por causar doença inflamatória pélvica e consequente oclusão tubária, sendo assim um dos principais fatores de infertilidade.A eficácia de técnicas de reprodução assistida é alterada na presença de infecções genitais. Adicionalmente, a sua propagação ascendente para o útero gravídico provoca infecção e inflamação da decídua e dos anexos embrionários sendo a causa de abortos espontâneos recorrentes.O maior foco de interesse científico incide sobre infecções de etiologia sexualmente transmissível (como Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis) e as espécies Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. Bactérias associadas à vaginose bacteriana, Streptococcus agalactiae, e espécies Candida sp. foram também identificadas em mulheres com infertilidade (1).

Objetivos

Checar a prevalência das infecções nas mulheres inférteis, os patógenos mais comuns e mais agressivos, profilaxia e tratamento. Relacionando com a área de reprodução assistida, explicando as causas da infertilidade e as intercorrências dessas infecções nos tratamentos quando não tratadas adequadamente.

Métodos

Pesquisa de estudo na base de Medline, Sciello e Pubmed com revisão de artigos de 2010 a 2018.

Resultados

As infecções genitais diagnosticadas em mulheres inférteis resultam de agentes inoculados sexualmente ou de microrganismos originalmente comensais que adquirem patogenicidade (1). O maior foco de interesse incide sobre os principais agentes de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), as bactérias Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, que têm efeitos comprovados na fertilidade em ambos os sexos. Na ausência de tratamentos, evoluem em 10 a 40% dos casos para uma doença inflamatória pélvica (DIP), documentada como a principal causa de Infertilidade por Fator Tubário e a mais importante causa prevenível de infertilidade (2).Os estudos demonstraram que Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum tem aumentado em culturas cervicais de mulheres inférteis. Em um dos estudos visto realizado com mulheres do ambulatório de reprodução assistida na Universidade de Beira em Covilhã, Portugal, 81 das 190 mulheres inférteis estudadas (42,63%) foram isolados agentes de infecção genital , padrão semelhante ao de um estudo de prevalência numa população ibérica que verificou que 47,3% de 376 mulheres inférteis apresentavam dados laboratoriais consistentes com infecção genital (3).Os agentes mais comuns identificados foram Ureaplasma, em 57% dos casos, e Candida albicans, em 28% dos casos (3).5. ConclusãoA elevada prevalência de infecções genitais sugere a maior risco de sequelas associadas como salpingite, oclusão tubária, corioamnionite e aborto recorrente, que limitam a fertilidade e comprometem a eficácia de técnicas de reprodução. Assim, conclui-se a real importância de realização de rastreio infeccioso rotineiro na população infértil. O rastreio alargado recorrendo aos métodos mais eficazes disponíveis beneficia casais inférteis, principalmente os com indicação para tratamentos de fertilidade, aumentando a eficácia dos procedimentos e o sucesso da gravidez.

Referências bibliográficas

(1) Castelo; J. S.; Prevalência de infecção genital em mulheres com diagnóstico de infertilidade no CHCB Qual o agente mais comum?; Portugal, 2012

(2) Fernandes, L.B.; Chlamydia trachomatis and Neisseria gonorrhoeae infection: factors associated with infertility in women treated at a human reproduction public servisse, Brasil, 2014

(3) Rodriguez, O. C.; Study on Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum and Mycoplasma homonis in infertile patients and with usual abortions, Cuba, 2012

Publicado por
Carolina de Andrade Melo e Souza

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